Website: https://www.brightonandhovealbion.com/
É natural que os holofotes fiquem concentrados em uma pequena parcela dos clubes de futebol. Clubes que fazem contratações midiáticas e clubes que estão sempre empilhando títulos monopolizam a atenção dos telespectadores. E quem sou eu pra criticar a obsessão de tanta gente por tão poucos clubes? Afinal, minhas postagens até aqui também foram apenas de times nesse perfil. Até aqui!
Hoje resolvi que é dia de quebrar essa sequência. Nós vamos aprender sobre um clube que não gasta muito em nomes famosos, que não tem muitos títulos e que até outro dia figurava nas divisões inferiores da Inglaterra. Um clube que, no entanto, vem realizando um trabalho admirável.
Nosso clube de hoje é o Brighton & Hove Albion F.C.!
Por que falar do Brighton?
Meus amigos, são várias as formas de gerir um clube de futebol. A coisa toda é uma questão de qual modelo de negócio desejamos implementar. Queremos uma máquina de títulos ou o lucro vem em primeiro lugar? Queremos chegar no topo o mais rápido possível ou preferimos crescer organicamente? Considerações desse tipo indicam quais rumos seguir.
Um clube que busca sempre o favoritismo das grandes glórias não tem outro caminho senão manter a constância dos grandes investimentos. Já mostrei como o freio nos investimentos do Liverpool a partir da conquista da Champions League em 18/19 culminou com o time fora da zona de classificação pra Champions na temporada passada. A alta competitividade da Premier League torna qualquer deslize, fatal.
Por outro lado, o simples ato de gastar muito dinheiro também não é suficiente. Esse, um caso que também abordei no passado. O clube analisado na época foi o Manchester United, cujo alto volume de investimentos gerou um retorno esportivo bem questionável.
Como em qualquer negócio, a alocação de recursos em um clube de futebol precisa ser feita pensando em maximizar o retorno sobre o investimento. E retorno em futebol é performance esportiva. Não do indivíduo, mas do coletivo. Essa, uma distinção importante e nem sempre intuitiva.
Suponha que um clube comprometa boa parte do orçamento na contratação de uma estrela. Terá sido uma boa alocação? Não necessariamente. Pode ser que a presença da estrela crie um desequilibrio no jogo coletivo. Pode ser que o montante gasto na estrela comprometa o investimento em outras áreas críticas do time. Seja como for, a contratação da estrela terá sido uma má alocação de recursos caso a equipe se deteriore. E será assim ainda que a estrela, individualmente, performe bem.
No espetáculo do futebol as cortinas se fecham quando a temporada acaba. Esse é o momento preferido para avaliarmos o que foi conquistado e com quanto dinheiro isso foi conquistado. É o momento preferido para vermos se o clube fez uma boa alocação de recursos. E nessa avaliação, o Brighton vem sendo um dos melhores clubes de futebol da Inglaterra.
É por isso que decidimos falar do Brighton!
Brighton
Depois de ficar em segundo lugar na Championship em 16/17, o Brighton voltou a disputar a Premier League na temporada 17/18. A Championship é como se fosse a segunda divisão do campeonato inglês. É por lá que o clube conquista o acesso pra sentar na mesa dos poderosos e disputar a Premier League.
As quatro primeiras temporadas do Brighton na Premier League foram instáveis e o clube flertou com a zona de rebaixamento. Já as temporadas seguintes foram marcadas por uma evolução impossível de ignorar. Uma evolução não apenas na classificação da tabela, mas também no nível de atuações. Não acredita em mim? Pois acredite em Pep Guardiola:
"De Zerbi é um dos treinadores mais influentes dos últimos 20 anos. Não há equipe que jogue como o Brighton joga, é única", Pep Guardiola
O resultado desse estilo único foi a inédita classificação do Brighton para disputar a Liga Europa. Segundo Tony Bloom, chairman e proprietário do Brighton, o plano do clube é ser um top-10 da Premier League com um modelo auto-sustentável. Esportivamente, o Brighton alcançou o top-10 nas últimas duas temporadas. Vejamos agora como está indo o plano de ser auto-sustentável.
Receitas
Os últimos números disponíveis do Brighton são o da temporada 21/22 e, portanto, é ali que paramos. Começaremos a análise na temporada 17/18, que foi a primeira temporada do Brighton na Premier League. Observar o histórico do Brighton na League One (até 10/11) e na Championship (até 16/17) é um exercício divertido que vamos deixar para um outro dia. Hoje nós vamos apenas mencionar uma ou outra informação da época de Championship para efeito de comparação. Mas será apenas superficialmente.
Nossa última postagem sobre um clube de futebol foi sobre o todo poderoso Manchester City. Nota-se logo a diferença. A última temporada em que o City fez menos de £200 milhões de receita foi em 2010/2011. Ou seja, mais de uma década atrás. Na temporada 21/22, o City fez £613 milhões. Isso é mais do que 3.5x o que o Brighton fez. Enquanto o City atingiu o ápice do seu projeto com a tríplice coroa da temporada passada, o Brighton ainda está no meio do caminho.
1.Matchday
O estádio do Brighton é o Falmer Stadium, hoje conhecido como Amex Stadium por motivos comerciais. O Amex Stadium começou a ser construido em 2008 e foi finalmente inaugurado em 2011, durante a primeira temporada do Brighton na Championship. O Amex Stadium permitiu que o Brighton tivesse um salto de público, saindo de ~7 mil durante o período na League One para ~26 mil na Championship.
Uma vez na Premier League, o público médio do Brighton subiu um pouco mais. Hoje o time joga no limite da capacidade do Amex Stadium, para cerca de 30 mil torcedores. Tem sido assim desde que o Brighton subiu de divisão. A queda de receita que vemos em 19/20 e 20/21 foi resultado da pandemia. Ao todo, a pandemia custou ~£25 milhões nessa linha de receita para o Brighton.
A capacidade do Amex Stadium limita o quanto o Brighton pode gerar de matchday. O clube pode aumentar os ingressos, claro. A outra possibilidade é fazer mais jogos em casa. Isso vai acontecer na temporada 23/24, já que o Brighton disputará a Liga Europa. Mas com 99% de taxa de ocupação, não há muito mais para onde correr. Qualquer crescimento material terá que passar por uma eventual expansão do Amex Stadium. Hoje, o Brighton está na metade de baixo do ranking de público-médio da Premier League.
2.Broadcasting
O Brighton conseguiu mais de £100 milhões de broadcasting já na sua primeira participação na Premier League. É um valor de fazer inveja em qualquer clube recém-promovido das outras ligas européias. Essa é uma das vantagens de fazer parte da Premier Lague, a liga que detém os melhores direitos de transmissão do mundo. Não é a toa que os clubes ingleses tem tanto destaque no mercado de transferências:
A divisão da receita doméstica de broadcasting na Premier League é feita respeitando a seguinte proporção:
50% igualmente entre todos os clubes
25% baseado na classificação final do clube no campeonato
25% baseado na quantidade de jogos transmitidos
A receita de broadcasting que o Brighton conseguiu nas suas quatro primeiras participações na Premier League foram parecidas. A diferença que vemos em 19/20 e 20/21 aconteceu porque a pandemia fez com que alguns jogos da temporada 19/20 fossem jogados no ano-fiscal 20/21. Sendo assim, parte da receita de broadcasting de 19/20 aparece nas contas de 20/21. Não fosse por esse detalhe e os valores estariam próximos. Essa estabilidade é justificada, já que o clube não jogou competição européia e teve pouca variação posicional na tabela de classificação da Premier League entre as temporadas 17/18 e 20/21.
Já a temporada 21/22 realmente contou com um salto na receita de broadcasting. O salto aconteceu porque o Brighton terminou a temporada na nona colocação. Efeito semelhante vai acontecer nas contas de 22/23, uma vez que o Brighton conquistou um respeitoso sexto lugar. E as expectativas não param por ai. Esse sexto lugar garantiu o Brighton na Liga Europa de 23/24. Como competições européias tem seus próprios direitos de transmissão, o Brighton terá acesso a uma nova receita na ordem de £20 milhões para as contas de 23/24.
3.Comercial
O principal parceiro comercial do Brighton é a American Express. A empresa americana tem sua sede britânica na própria cidade de Brighton e é parceira do clube desde 2010. As duas partes assinaram a renovação da parceria em agosto de 2019. A Amex se comprometeu a pagar £100 milhões ao longo de doze anos para seguir como a principal marca da camisa e o detentor dos naming rights do estádio e do centro de treinamento. Segundo Paul Barber, executivo do Brighton, esse acordo - muito superior ao anterior - levou 13 meses para ser concluido e é alinhado com a ambição do clube de ser um top10 da Premier League.
O parceiro do Brighton para o fornecimento de material é a Nike. Brighton e Nike formam uma das mais longevas parcerias de um clube da Premier League com um fornecedor de material esportivo. Ao todo, lá se vão 9 anos juntos. O contrato mais recente entre as partes foi selado em 2019, e estima-se que o Brighton receberá £2.5 milhões anuais até o fim de 2024.
O terceiro dos maiores parceiros comerciais do Brighton é a SnickersUK, que substituiu a JD Sports como patrocinadora da manga da camisa do clube. O acordo foi renovado por uma temporada, até o fim de 23/24, e marca o quarto ano de parceria da marca com o Brighton.
O Brighton inclui na linha de “Outros” toda a receita gerada com o empréstimo de jogadores para outros clubes. Além de todas essas receitas comuns de um clube de futebol, o Brighton também contabiliza um empreendimento imobiliário chamado New Monks Farm, que está sendo construido em um terreno pertencente ao clube. Esse é um tipo de receita que não é típico de um clube de futebol e, portanto, é desconsiderado para efeito de alguns rankings como o Deloitte Money League.
Despesas
Remunerações são um importante tema quando falamos de clubes de futebol. A primeira temporada do Brighton na Premier League foi marcada por um aumento considerável na conta de remuneração em relação à última temporada do clube na Championship. Em 16/17, ainda na Championship, o Brighton teve uma conta de remuneração de £31 milhões. Esse valor mais do que dobrou em 17/18, saltando para £77 milhões. É interessante notar como o Brighton esteve perto de ser rebaixado mesmo diante de toda essa escalada na linha de remuneração. A realidade é que é muito difícil para um clube recém promovido se manter na Premier League sem um grande reforço no elenco.
A conta de remuneração continuou crescendo e atingiu £115 milhões em 21/22, um aumento de quase 50% em relação a 17/18. Apesar do crescimento, é importante observar como o gasto sempre esteve abaixo da marca de ~80% das receitas. O patamar de 80% das receitas não é exatamente baixo, mas é perfeitamente aceitável quando falamos de um clube no estágio inicial de um plano de crescimento.
Nesse primeiro momento, é comum vermos um investimento maior no elenco. A expectativa é que o clube conquiste melhores resultados com um elenco superior. A partir desses resultados, o clube então passa a gerar mais receitas. A dinâmica segue até o momento em que o nível de remuneração se estabilize de maneira administrável. Foi isso que aconteceu com o Manchester City, que viu sua conta de remuneração superar sua receita em 10/11 e, atualmente, esse valor é de apenas 60%.
O custo de amortização é outro ponto importante na vida de um clube de futebol. Ao ser comprado, um jogador tem seu custo amortizado ao longo do seu tempo de contrato. Por exemplo, um jogador comprado por £100 milhões em um contrato de 5 anos implicará em um custo de amortização de £20 milhões por ano. Jogadores que assinam como agente livre e jogadores que vieram da base não são reportados como ativo no balanço do clube e, portanto, não geram custo de amortização.
O custo de amortização do Brighton saltou no primeiro ano do clube na Premier League, saindo de £6 milhões em 16/17 para £19 milhões em 17/18. Esse custo continuou subindo até alcançar o patamar de £45 milhões em 19/20. A partir dai, o custo de amortização seguiu estável até 21/22. O que essa informação sugere é que o Brighton foi às compras nos seus primeiros anos de Premier League e moderou sua atuação no mercado de transferências a partir de 19/20.
Isso não quer dizer que o Brighton parou de fazer compras, mas que eventuais compras foram compensadas por vendas de jogadores adquiridos no passado. Como a remuneração continuou subindo a partir de 19/20, pode ser que os novos jogadores chegaram ganhando mais do que aqueles que sairam.
O gráfico acima vai em linha com nossas percepções anteriores. O Brighton precisou fazer compras pra se manter na Premier League mas, com o tempo, diminuiu o ritmo do gasto líquido de transferências. O clube teve um gasto líquido acumulado de £180 milhões nas três primeiras temporadas. Já em 20/21 e 21/22, esse valor foi de apenas £15 milhões. É uma diferença muito grande mesmo se considerarmos que existe uma temporada a menos.
A temporada 21/22 teve um perfil diferente. Um grande volume de chegadas e saidas que, no fim, se anularam. Boas vendas significam lucro contábil para o clube e espaço para contratações maiores. Esse, um ponto de destaque para o Brighton. E aqui acredito que cabe observarmos algumas transações recentes.
O BRIGHTON NO MERCADO DE TRANSFERÊNCIAS
Ativos intangíveis nada mais são do que os jogadores de futebol. É assim que os clubes carregam os jogadores no seu balanço. O gráfico acima mostra o lucro contábil que o Brighton teve com a venda de jogadores. A temporada 21/22 foi marcada por um significante lucro de mais de £60 milhões. A grande alavanca pra esse resultado foi a saida de Ben White para o Arsenal. Ben White ingressou no Brighton ainda na base, o que significa que todo o seu valor de venda é convertido em lucro pro Brighton. No caso, um lucro de €58.5 milhões.
Embora eu só tenha as contas oficiais do Brighton até 21/22, resolvi fazer uma estimativa daquilo que está por vir. Por que? Bom, vocês vão ver:
Essas tabelas detalham os principais movimentos do Brighton no mercado de transferências ao longo das últimas temporadas. A primeira tabela inclui os jogadores que já foram vendidos. Lembrando que essas informações não são oficiais e a maior parte dos dados foi retirada do Transfermarkt e de matérias na imprensa, além de algumas estimativas próprias. Seja como for, é o suficiente pra fazermos algumas observações:
. O alvo do Brighton são jogadores jovens, na faixa dos 20 anos. Esses jovens muitas vezes entram gradualmente no time principal. Em alguns casos, são emprestados para outros clubes. Caicedo e Mitoma foram emprestados para um clube belga e Mac Allister foi emprestado por duas oportunidades antes de brilharem juntos pelo Brighton.
. O Brighton é ótimo prospectando jogadores fora da Europa, principalmente na América do Sul. Caicedo, Mac Allister, Enciso e Buonanotte vieram de lá por valores na faixa de €10 milhões cada. Já Koaru Mitoma veio por £3 milhões do Kawasaki Frontale(JAP) em Agosto de 2021.
. A capacidade de prospecção aliada ao crescimento esportivo valorizou o elenco e gerou muito dinheiro para o clube. O Brighton vendeu mais de €350 milhões nas últimas três temporadas (21/22, 22/23 e 23/24) e contabilizou um lucro superior a €300 milhões nessas operações.
. Esse incrível resultado financeiro dá espaço para o Brighton reinvestir no elenco. O clube investiu ~€100 milhões em novas contratações pra 23/24. É um alto patamar para um clube como o Brighton, que bateu seu recorde de transferências ao comprar João Pedro junto ao Watford por €34.2 milhões.
. Chelsea é um clube com particular interesse no Brighton. O clube londrino gastou €200 milhões para tirar Cucurella, Caicedo e Sanchez do Brighton. Além disso, pagou também ~€26.3 milhões para tirar o técnico Graham Potter e toda sua comissão técnica em 2022. Ou seja, o Chelsea pagou ~€230 milhões para o Brighton em dois anos.
Diante de toda essa movimentação recente, dá pra dizer que nos últimos anos o Brighton saiu de ser um dos piores clubes na Premier League no ranking de lucro com venda de atletas para um dos melhores.
Os resultados são realmente incríveis. Uma das razões do sucesso é a prospecção de talentos e a maneira como eles são integrados no time. Os movimentos do Brighton são certeiros. Sai Caicedo, chega Baleba. Sai Potter, entra De Zerbi. Sai Cucurella, entra Estupiñán. Embora a primeira troca ainda tenha que se provar, as últimas duas foram grandes sucessos.
“Temos um processo diferente de muitos clubes. Nós não rodamos o mundo inteiro, não estamos o tempo todo assistindo jogos olhando para os jogadores. Isso é como tentar encontrar uma agulha num palheiro. Nós nos concentramos nas áreas de melhoria, nos jogadores que acreditamos que podem preencher essa lacuna e depois enviamos nossos olheiros para olhar especificamente para esses jogadores”, Paul Barber
Um dos segredos do Brighton vem pelas mãos do seu proprietário majortiário, Tony Bloom. Bloom é um empreendedor, jogador de pôquer e apostador esportivo que possui uma empresa que auxilia o Brighton no processo de contratação. A empresa possui uma enorme quantidade de dados de jogadores ao redor do mundo e produz relatórios de jogadores que se encaixam nas necessidades do Brighton. Os jogadores, então, passam a ser observados mais de perto.
De acordo com Gareth Jennings, ex-chefe de desenvolvimento técnico da Fifa, “Eles (Brighton) têm um equilíbrio muito bom em termos de compreensão do tipo de jogadores que desejam trazer e que se adapta à maneira como jogam.”
"Estou me acostumando a trabalhar com algoritmos no mercado de transferências e estou me acostumando a valorizar essa forma. Eu não sabia disso antes. Passei muito tempo estudando novos jogadores em vídeo, mas agora entendo que existe outra maneira de encontrar jogadores", De Zerbi
Dá pra ver como o trabalho do Brighton até aqui é exatamente o que falamos no início da postagem sobre uma boa alocação de recursos. Esse trabalho, inclusive, criou um ciclo virtuoso para o clube. Incapaz de competir com os maiores clubes europeus por grandes contratações, o Brighton se lança em mercados emergentes na busca por talentos. Hoje o Brighton já é visto como um bom destino para os jovens se desenvolverem e se lançarem na elite européia. Consequentemente o clube está bem posicionado para vencer a concorrência e contratar esse perfil de jogador. Uma vez no Brighton, os jogadores se valorizam e acabam vendidos por uma fortuna para os clubes mais ricos. Com isso, o Brighton se vê em condições de investir um pouco mais no elenco, sempre orientado pelo seu modelo. Um modelo que tende a seguir funcionando contanto que o Brighton siga eficiente na prospecção e introdução desses jogadores no elenco. Não é fácil, mas o Brighton tem conseguido.
E já que mencionamos Tony Bloom, é hora de entender melhor toda a contribuição deste magnata para o Brighton.
Tony Bloom
Tony Bloom possui 75% do Brighton e é o homem que liderou o renascimento do clube. Ele assumiu o Brighton em 2009, subiu para a Championship em 2011/2012, viabilizou um novo estádio, chegou na Premier League em 17/18 pela primeira vez em mais de trinta anos e alcançou uma competição européia inédita em 23/24.
Não foi do dia pra noite, mas nunca é.
Tony Bloom tem algumas questões interessantes. Pra começar, foi jogador de pôquer. Jogadores de pôquer desenvolvem habilidades úteis para tomada de decisões, habilidades estas que podem ter sido importantes para o período de Tony Bloom no comando do Brighton. Agora, uma breve pausa. Já que estamos falando de pôquer e qualidade de decisões, deixo a indicação de Thinking in Bets, livro escrito pela ex-jogadora de pôquer Annie Duke. É excelente, todos deviam ler.
Voltando agora ao tema do post, outra questão sobre Bloom é sua empresa StarLizard. A StarLizard é uma empresa focada em consultoria para apostas esportiva e que, como eu disse antes, auxilia o Brighton na busca de talentos. Até aqui, um auxilio e tanto. E por fim e não menos importante, Bloom vem de uma família de torcedores do Brighton. Alguns familiares já foram até executivos do clube no passado.
Ah, claro, Bloom também é bilionário. Não é a toa que já colocou tanto dinheiro no Brighton. Vejamos.
Com quase £400 milhões de dívida líquida, o Brighton tem uma das maiores dívidas da Inglaterra. Mas existe ai um detalhe importante chamado ‘Director’s loan’. Director’s loan nada mais é do que Tony Bloom. São empréstimos concedidos ao clube por Tony Bloom nas condições mais amigáveis possíveis, sem juros e sem garantias. Quem não sonha com acesso a esse tipo de capital, não é mesmo?!
Esse apoio de Tony Bloom foi fundamental para o Brighton trilhar o caminho que trilhou nos últimos anos. O dinheiro entrou na construção do estádio, no centro de treinamento e, claro, na contratação dos jogadores. Como é o caso de muitos clubes de futebol, o Brighton também posta prejuízos operacionais. E, como vimos, até bem pouco tempo atrás o clube não fazia muito dinheiro com transferência de jogadores. O suporte de Tony Bloom foi, portanto, determinante pro crescimento do Brighton. Um bilionário, torcedor do clube, dono de uma empresa que auxilia na prospecção de talentos e que tem grande capacidade de tomada de decisões. Que time não ia querer ter um cara desses do lado?
A tendência, contudo, é que o clube seja menos dependente de Tony Bloom. Mais do que a tendência, esse é o grande objetivo. Pra isso acontecer o Brighton precisa manter esse ciclo virtuoso que vem tendo principalmente após a chegada de De Zerbi. Um ciclo virtuoso onde resultados esportivos elevam receitas, permitindo maiores investimentos e, consequentemente, melhores resultados. Para um clube que vem demonstrando tanto talento na alocação de capital, um maior orçamento pode abrir muitas possibilidades.
Que assim seja e a gaivota siga voando cada vez mais alto para seguirmos, assim como Pep, admirando esse belo futebol:
“Eles merecem totalmente os elogios e o sucesso que têm. É uma das equipes com quem procuro aprender muito, é única.”, Pep Guardiola sobre o Brighton
Por hoje é só, pessoal!
Espero que tenham gostado!
Como sempre, obrigado por mais essa leitura!
Gostou? Então clica aqui embaixo pra compartilhar e se inscrever!