Bom dia, família!
Hoje vamos partir para uma postagem curta. Curta por consequencia, não por design. Hoje vamos fazer apenas um breve acompanhamento de algumas situações que abordamos por aqui.
Como gosto de acompanhar as histórias, farei postagens desse tipo de tempos em tempos. Mais do que gostar, considero importante. Afinal, o que é o acompanhamento senão uma proteção contra desvios, não é mesmo?
Sem mais delongas, vamos lá:
1. Topgolf Callaway
Rumores animaram a cotação dessa empresa que tem sido um desapontamento desde que postei. O rumor em questão é sobre a possibilidade de um spin-off, separando a Topgolf da Callaway. A especulação é de que os principais acionistas da empresa estão estudando uma divisão das operações e que um investidor coreano tem interesse em adquirir a Callaway por algo em torno de $3 bilhões.
Não me pergunte por quê, mas coreanos são sujeitos interessados em empresas de golfe. Em 2011 a Fila Korea e mais um grupo de coreanos comprou a Acushnet. Mais recentemente, em 2021, a coreana Centroid Investment Partners comprou a TaylorMade Golf das mãos da KPS Capital Partners por $1.7 bilhões, naquela que é a maior aquisição da indústria até hoje. Então se você tem alguma coisa de golfe para vender, convém procurar um coreano.
No post Retrospectiva 2023, comentei que eu achava que a Topgolf Callaway deveria vender algumas divisões e simplificar a operação. Pelo visto o mercado concorda, já que o papel subiu mais de 10% só nesses rumores. Se Chip Brewer concorda, já são outros quinhentos. Basta ver a nota que a empresa soltou:
“Embora seja nossa prática de longa data não responder a rumores e especulações de mercado, à luz da atividade incomum do mercado de hoje, juntamente com uma recente reportagem da mídia originada na Coréia acerca de discussões sobre uma potencial venda da empresa ou do seu negócio de equipamentos de golfe, confirmamos que não temos conhecimento de tais discussões.”
Pelo visto segue então o jogo para a empresa com todo o seu portfólio de Callaway, Topgolf, Travis Mathew, TopTracer, Jack Wolfskin, Odyssey, OGIO, World Golf Tour, etc, etc, etc.
Ou será que onde tem fumaça tem fogo?
2. MiX Telematics
Vamos agora para a exaltação dos humilhados. Nosso apelo por mudanças ou por uma venda aconteceu na forma de uma venda para a PowerFleet. Não sem emoção, já que a ação apanhou mais do que fusca em ladeira em 2023. O case se transformou em uma situação especial, onde esperávamos o processo de aprovação para trocar as ADS pelas ações da Powerfleet. A expectativa, conforme haviamos falado, era para esse primeiro semestre de 2024. Sigamos então para as novidades:
A aprovação andou bem na reunião de 28/fevereiro e estamos agora no estágio final do processo, que deve se encerrar no próximo dia 2/abril. O spread que estava +20% na virada do ano (e chegou a até 40%!) está agora em low-single digits. Tudo indica que vai dar tudo certo dentro do prazo imaginado. Bonito, bonito.
Mas bonito mesmo foi para quem acreditou na força da aquisição, cagou para a situação especial e continuou long no case. Isso porque o mercado se animou com a aquisição da MiX e resolveu diminuir o desconto da Powerfleet para os pares. Com algumas casas iniciando cobertura de Buy na Powerfleet, os papéis ganharam momentum.
O que isso quer dizer?
Isso quer dizer que entre o re-rating e a arbitragem, a MiX já subiu 69% em 2024. Belo número!
3. Ocean Wilson
A Ocean Wilson divulgou resultados preliminares para dezembro/2023. Lá aparece assim: “As our strategic review completes in 2024, we will review the Board composition in that context.” Hmmmm
Em relação ao case, os resultados divulgados não mudaram nada. A configuração segue como já seguia. Sendo assim, só tenho uma coisa para dizer nesse momento:
Paciência, meus amigos! Paciência com o case!
O que de interessante eu fiquei sabendo é que a gestora Charles River tem posição no papel. Achei bacana. Não é comum que casas brasileiras tenham posição nos papéis que escrevo por aqui.
Eu encarei essa informação como boa notícia. A casa tem um histórico fantástico e certamente é um aglomerado de gente muito mais esperta do que eu.
4. Clarus Corporation
Esse é um case que estou pra revisitar há um tempo. Só os leitores das antigas vão saber que já escrevi da Clarus. Por acaso foi o post que, proporcionalmente, atraiu mais leitores para a Negócios pelo Mundo.
O mérito, contudo, não foi meu. O mérito foi todo dos sobrinhos do Armínio Fraga, que colocaram holofotes sobre a Clarus depois de se alavancarem na empresa e quebrarem um fundo por causa disso. Um fundo que tinha cotistas de peso como o próprio Armínio Fraga e Marcel Telles. Mercado não se sensibiliza com pedigree.
Enfim, coisas interessantes aconteceram na Clarus desde então. Os negócios da empresa desaceleraram e a pressão vendida aumentou sobre um papel que já não era muito líquido. A cotação - que saiu de $25 para $16 em duas semanas e fez os sobrinhos do Armínio quebrarem - passou mais um ano despencando. Dessa vez, em uma sádica tortura para os comprados, seguiu uma queda consistente até chegar a $5 no fim de 2023. Deixando cotação de lado, vamos aos acontecimentos:
Em setembro de 2023, Warren Kanders fez uma proposta de $160 milhões pela divisão de “Esportes de Precisão” da Clarus. Me pareceu uma oferta baixa na época, e uma oferta baixa partindo de um nome importante como Kanders levanta alguma preocupação. No final das contas, a Clarus usou a proposta de Kanders como um piso e iniciou um processo formal de venda da divisão. Outros candidatos apareceram e a divisão acabou vendida para a JDH Capital (não é Kanders) por $175 milhões.
Apesar da sensação de que a Clarus poderia ter conseguido mais pela divisão de munição, a operação com as marcas Sierra e Barnes foi bem lucrativa para a companhia. Não só isso, mas a venda também ajudou a limpar o balanço da Clarus. A empresa eliminou toda dívida e ficou com um caixa líquido de uns $40 milhões. Agora é ver o que vão fazer com isso. Recompra, talvez?!
Poucos dias depois da confirmação dessa venda, uma nova notícia para a Clarus: o conselho autorizou o aumento de participação dos dois maiores acionistas da empresa. Greenhouse Funds e Warren Kanders passam de uma participação combinada de 29% para 42%. Greenhouse Funds sai de 11.9% para 15%, enquanto Kanders sai de 16.7% para 26.7%.
O mercado recebeu bem essa sinalização e o papel reagiu com uma valorização de 25% na notícia. O cenário agora é de uma empresa com 250 milhões de valor de mercado, +$40 milhões de caixa, sem dívidas, com float ainda mais restrito, aumento de participação dos maiores acionistas e dona de ativos importantes como Black Diamond e Rhino-Rack. Além disso, com guidance bem otimista:
Será que agora vai?
That's all folks!
Um grande abraço para vocês e obrigado pela leitura!
Leo Caroli