Bom dia, família!
Hoje é o dia da lamentação. Todo papel é uma bela vitória ou uma trágica derrota a depender do horizonte temporal que escolhemos. Agora veremos o que não tem performado muito bem no horizonte temporal que vai desde nossa última atualização sobre essas empresas até hoje:
1. Simply Solventless $HASH.V
A Simply Solventless Concentrates (SSC) é uma empresa canadense que se especializa na produção e venda de produtos de cannabis ricos em terpeno, utilizando métodos de extração sem solventes. Seus produtos atendem aos mercados recreativo, medicinal e B2B no Canadá. Após uma chuva de más notícias - atraso nos relatórios financeiros, cancelamento da compra da CanadaBis, ajustes contábeis e saída do CFO - a SSC busca se reencontrar.
Última atualização [Radar 7]
2. Trubar $TRBR.V (antigo “Simply Better Brands”, SBBC.V)
A Trubar é uma empresa no segmento de nutrição saudável que utiliza um modelo de crescimento rápido via DTC e parcerias com varejistas estratégicos. Seu grande motor de expansão é a TRUBAR, uma marca de barra proteica a base de planta que vem ganhando destaque como uma das barras proteicas mais vendidas na Amazon e no mercado tradicional. A empresa era conhecida como Simply Better Brands e mudou seu nome para TRUBAR Inc. em maio de 2025.
Última atualização [Radar 10]
3. Sintana Energy $SEI.V
Empresa canadense de exploração de petróleo e gás natural focada na construção de um portfólio com participação em ativos de qualidade com alto potencial de reservas. Possui participação importante no PEL83, ativo na Bacia de Orange (Namíbia) operado pela Galp e que interessa à Petrobrás.
Última atualização: [Radar 3]
1) Simply Solventless $HASH.V
Desde nossa última atualização, as coisas não andam nada fáceis para a Simply Solventless (SSC).
Tudo desandou no fim de abril, quando a CanadaBis anunciou que estava pulando fora da operação com a SSC. Para quem não lembra, a CanadaBis era a última das aquisições anunciadas pela SSC.
A justificativa foi de que “informações recentes configuravam uma mudança adversa relevante para a SSC, tornando o negócio ruim para os acionistas da CanadaBis”. Traduzindo: acabamos de descobrir uns podres da SSC e por isso estamos cancelando a venda.
O CEO da SSC, Jeff Swainson, não gostou. E mandou o seguinte:
“A SSC refuta que tenha ocorrido qualquer mudança adversa relevante em seus negócios e está buscando todos os recursos legais contra a CanadaBis, incluindo o pagamento de uma multa rescisória de US$ 1.2 milhão pela rescisão indevida do Acordo de Fusão. A CanadaBis levantou US$ 4.1 milhões em capital após o anúncio do acordo, enquanto a SSC arcou com custos e trabalhou de boa-fé para concluir a transação. Não estamos desanimados e, após a divulgação de nossas demonstrações financeiras, seguimos firmemente comprometidos com nosso plano de negócios.”
Em comum entre os dois, o fato de ninguém ter explicado que “mudança adversa relevante” seria essa. Para adicionar ao drama, no mesmo comunicado a SSC informou que, a pedido do auditor, os relatórios financeiros não ficariam prontos até o prazo de 30 de abril. A essa altura, as ações da SSC já estavam derretendo a $0.50.
No meio de maio, a SSC prometeu divulgar os relatórios no dia 21/05. Quando chegou o dia 21/05, veio uma nova promessa: os relatórios sairiam no início de junho. E quando finalmente saíram, já em junho, trouxeram ajustes contábeis que deixaram claro o motivo de o auditor ter pedido o adiamento:
Esses ajustes - receitas, custos de produtos vendidos e estoque - foram como jogar muita gasolina em um pequeno incêndio. A coisa toda degringolou bem rápido e as ações desabaram mais de 50% no dia, para $0.195. No meio do tumulto, ainda houve a saída de Jeff Holmgren, que ocupava o cargo de CFO havia apenas seis meses. Uma saída que, diga-se, demorou a ser comunicada pela empresa.
No dia 20/06, a SSC divulgou o resultado do Q1 2025. Não foi tão trágico quanto o desastre anterior, mas ainda está longe de ser suficiente para reconquistar a confiança dos investidores. A empresa, que até pouco tempo vivia uma lua de mel com o mercado, agora carrega cicatrizes que vão além dos ajustes contábeis. A confiança na gestão foi abalada, potenciais targets podem estar mais cautelosos e a capacidade de levantar capital piorou.
De certa forma, a SSC precisa agora deixar de lado seu antigo enredo de rollup para encarar um breve roteiro de turnaround. E, no final das contas, não há nada como a boa e velha geração de caixa para provar valor. Se conseguirem, o humor pode virar novamente. Por ora, a ação segue em $0.26.
2) Trubar Inc $TRBR.V
Trubar não esteve perto de ser dizimada conforme aconteceu com a SSC. Ainda assim, seu resultado do 1Q 2025 não foi daqueles que mais animaram os investidores e, com isso, seu price action também não vem sendo dos melhores. Vamos ver o que rolou:
Resultados Financeiros
Receita Líquida: $10.2 milhões no Q1 2025 (queda de 26% vs. Q1 2024)
Motivo: mudança no calendário promocional da Costco MVM (de Q1 para Q2 em 2025).Crescimento por canal:
Varejo físico (excluindo clubes): +373%
DTC: +593% YoY (~30% da receita total)
Lucro bruto: $3.2 milhões (margem bruta de 31% vs. 28% no Q1 2024)
EBITDA ajustado: -$1.5 milhão (queda de $2.2 milhões YoY, impactado pela ausência da MVM)
Prejuízo líquido: -$1.2 milhão no Q1 2025 (vs. -$0.2 milhão no Q1 2024)
Eventos Pós-Q1 2015:
Entrada na Target (abril 2025).
Promoção nacional no Costco (MVM) nos EUA (maio 2025)
Mudança oficial de nome para TRUBAR Inc. (maio 2025)
Guidance
Receita líquida entre $65 milhões e $70 milhões
Meta de expansão para 25k pontos de venda até o final de 2025. Atualmente em ~18k
Call:
1. Reestruturação
A empresa finalizou quase toda a reestruturação, faltando apenas a venda da marca "No B.S.".
Mudança de nome de Simply Better Brands para TRUBAR Inc. concluida
2. Resultados do Q1 2025
Receita líquida impactada pelo adiamento de promoções da Costco para o Q2.
DTC cresceu 593%, puxado por marketing e novos SKUs.
Canais de varejo cresceram 373% com aumento de presença e velocidade.
Margem bruta de 30%, com meta de 35%-40%
3. Guidance 2025
Expectativa de $65 a $70 milhões em receita anual. (50%-60% crescimento)
Fortalecimento no canal DTC, que já está com run rate de $14 milhões e deve fechar 2025 com run rate de $20 milhões.
4. Expansão de Canais e Portfólio
Saindo de 15 mil pontos para 25 mil até o fim de 2025 (já com 18 mil)
Novos lançamentos:
Mini bars: 25g, voltados para food service
Tru Kids: 35g, voltados para escolas e crianças
5. Marketing
Marketing será 4x maior que em 2024 (partindo de base de $2 milhões).
Destaque para campanhas no Instagram e TikTok
Presença regular na mídia. Forbes e Washington Post deram visibilidade recente.
6. Internacionalização
Já iniciaram operação no Costco México com boa aceitação
Planejam expansão internacional apenas com a estrutura da Costco
7. Caixa
Meta de EBITDA positivo
Não precisa levantar capital adicional pra 2025
8. Produção
Terceira co-man facility começará produção nos próximos meses
Aumentaram estoque para MVM e suportar crescimento
Conclusão:
Não dá para dizer que o primeiro trimestre de 2025 foi lindo. Receita e EBITDA caíram, enquanto bastante caixa foi consumido. Ainda assim, as explicações são razoáveis, com o impacto do MVM que ficou para o segundo trimestre e a movimentação no capital de giro. O que pesou contra no Q1 tende a jogar a favor no Q2.
Olhando para o guidance, é claro que um crescimento de 50%-60% é decente. Mas também é verdade que está longe dos antigos três dígitos, apesar de termos mais gastos de marketing e mais descontos.
Eu entendo os descontos. Claro, todo mundo prefere ver vendas a preço cheio. Mas descontos são uma ferramenta legítima para incentivar o consumidor a experimentar uma nova marca. E a Trubar ainda é uma marca nova, em fase de expansão e ganhando espaço em grandes redes como o Target. De certa forma, o desconto é um investimento em marketing.
O problema começa quando o desconto não se converte em recompra. Quando não gera clientes recorrentes. A grande pergunta é: quanto dessas vendas existiriam sem o desconto? Esse é o ponto chave. Enquanto a Trubar estiver entrando em uma nova rede, tudo bem. Mas uma eterna dependência de promoções é fraqueza. E isso é uma coisa que precisamos monitorar aqui.
No mais, a Trubar até colocou essa tabela com atividades recentes de M&A no setor. Uma clara demonstração da disposição do management em buscar um exit futuro.
3) Sintana Energy $SEI.V
A Sintana é mais uma daquelas empresas que a gente comentou por aqui e que gosta de maltratar o coração do acionista. É verdade que o preço hoje está bem parecido com o que vimos na última atualização, mas esse marasmo esconde uma queda de uns 30% que rolou no meio do caminho.
Em março, a Woodside Energy informou que não iria exercer a opção de farm-in no PEL 87. A desistência veio antes do prazo final de 18 de maio de 2025. A Woodside já tinha gastado mais de $30 milhões no estudo sísmico quando decidiu cair fora, o que levantou dúvidas sobre a qualidade do bloco e derrubou um pouco as ações da Sintana.
Em maio, a Sintana fechou um negócio com a Corcel, adquirindo 5% indiretos no bloco KON‑16, localizado na Angola. O valor foi de $ 2.5 milhões, sendo $ 500k como adiantamento e o resto para o 3Q 2025. Pra ser sincero, nem eu sei muito desse ativo e nem o mercado ligou muito. Seja como for, não é um alto investimento também.
Em junho tivemos uma boa notícia que ressuscitou a Sintana. A boa notícia veio da nossa conterrânea, Magda Chambriard!
Em entrevista pra Reuters, Chambriard citou a África como a principal região de expansão da Petrobrás fora do Brasil. Mais do que isso, disse também que a Petro disputou a PEL83, mas acabou sendo superada pela TotalEnergies. E terminou dizendo que, mesmo com a derrota, a Petrobrás "espera ser convidada" a participar do desenvolvimento da área.
Pra um papel parado e sem notícias, qualquer pingo é chuva. Nossa Magda deu o empurrãozinho que a Sintana precisava e o papel subiu mais de 30%!
Caco Antibes que me desculpe, mas deixa a Magda falar…